A Questão do GOAT: Mais do que Golos

Passei anos construindo modelos para prever resultados no futebol. Mas quando se trata de lendas como Cristiano Ronaldo, até os algoritmos mais sofisticados param. A pergunta não é só sobre estatísticas — é sobre legado, consistência ao longo das épocas e desempenho sob pressão.

Cristiano tem marcado a nível elite há quase duas décadas. Isso não é apenas talento; é uma façanha técnica de disciplina física e adaptação tática.

Desmontando o Projeto: Habilidades e Métricas

Vamos à técnica. Passes? Média de ~1,8 por jogo nos campeonatos principais — sólido, mas não chamativo. Dribles? Cerca de 2,3 por partida — um número modesto comparado a extremos com papéis ofensivos diretos.

Mas aqui está o ponto onde os dados contam uma história diferente: sua eficiência na finalização.

Com modelos xG da Opta e FBref, a taxa de conversão de Cristiano excede os 24% ao longo da carreira — entre as mais altas da história moderna do futebol. Para contexto: Lionel Messi está em ~20%. Ou seja, ele supera constantemente as expectativas quando tem oportunidades.

E falando em resistência — sua capacidade de manter alto rendimento até os últimos anos dos 30 desafia curvas convencionais do envelhecimento atlético.

Troféus: A Grande Jornada da Excelência

Agora sim: a vitrine dos troféus — o selo definitivo da validação.

• Clube: 5 títulos na Premier League (Manchester United & Real Madrid)
• Champions League: 5 títulos (Real Madrid)
• Serie A: 1 título (Juventus)
• Mundial de Clubes da FIFA: 2 vitórias (Real Madrid)
• Supercoppa Italiana: 1 vitória (Juventus)
• Liga Saudita: Venceu no primeiro ano em Al-Nassr (sem confundir com AFC Asian Cup — isso não existe ainda).

No plano internacional:

• Apresentações no Euro: 4 (2004–2016) – nunca chegou à final apesar desempenhos qualificados.
• Liga das Nações da UEFA: Finalista em 2019; vice-campeão após penalidades contra França.
• Copa do Mundo da FIFA: Nunca avançou além dos Oitavos-de-Final como capitão.

Não perfeito… mas considere isto: Portugal não tinha uma geração dourada antes dele. Ele levou-os nas eliminatórias com pura vontade — e liderou-os à primeira vitória major em décadas no Euro 2016.

Isso não foi sorte — foi liderança sob fogo.